sábado, 14 de setembro de 2013

O caminho

32- A NEGONA

Assim, "montada" com o baú e as malas laterais, a negona tava pronta para pegar a estrada. A qualquer momento. Minha primeira viagem mais longa de moto foi em 1982, quando me mudei para Brasília, vindo de Ribeirão Preto. Foram 840 km, porque caiu a ponte sobre o rio Araguari e fiz um trajeto mais longo. Isso numa moto muito menor, praticamente uma bicicletinha perto da negona. (Era uma RX 180. Informação que só faz sentido para motociclistas mais antigos. Se não for seu caso, ignore).
Alguns pneus furados. 2 correntes que se arrebentaram no caminho. Bateria arriada. Estes foram os problemas que consigo lembrar nestas inúmeras viagens. Todos resolvidos, sem maiores dramas.
A maior parte delas, fiz sozinho. Algumas com meu filho na garupa, outras com minha esposa e outras com outros amigos motociclistas. Aproveitar o percurso, ter novas experiências, conhecer coisas bacanas e outras nem tanto, bem como enfrentar qualquer problema que aparecer, se aplicam tanto a estas viagens quanto a uma outra viagem maior, da qual, que me lembre, já estou nela há 50 anos. Uns dizem que ela é muito mais longa. Que já percorremos muito até chegar aqui e que ainda teremos muitas outras pela frente.
Engraçado que meus 2 avôs, tanto por parte de pai como de mãe, foram tropeiros. Conduziam o gado, tocando berrantes, de Barretos até Uberaba, onde seriam vendidos. Levavam um mês na estrada para ir e voltar. Hoje, eu tranquilamente faria em um dia (de moto, claro, não a cavalo). Mas, isso não quer dizer que a viagem deles era menos desafiadora que as minhas, né?
Como diz a música do Zeca Baleiro: "-qual é a parte da sua estrada em meu caminho? Será um atalho, será um desvio?" E aqui, cabe uma dica básica de pilotagem em estradas de terra: "Se surgir algum obstáculo na frente, na dúvida, acelere. Nunca freie". Aprendi isso ainda na antiga RX 180, que foi vendida e está com o meu tio até hoje. Em Barretos, claro. Afinal, foi lá que minha estrada começou. Há 50 anos. Mas isso vocês já sabem, né?

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