segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Brasiliensessauro

40-RELATO DE UM DINO

Uma vez eu lia  livro sobre  Brasília e encontrei um trecho que me pareceu "familiar". Observei com mais atenção e reconheci que era um antigo texto meu, feito para uma peça publicitária do GDF, que, agora, estava incorporado nos livros de história da cidade (não me consultaram, nem citaram fonte, nem me remuneraram por isso...tsc,tsc,tsc). Lembrei-me de um outro episódio, logo que comecei a trabalhar, quando fiz um material sobre os então "30 anos do Catetinho". O diretor de arte foi lá com o fotógrafo e na volta me disse: aquilo lá é um negócio feio, velho, sem nada "bonito" para mostrar. Foi então, que vendo as fotos, me encantei com suas janelas, que eram mais ou menos assim (ao lado). Então o cartaz que criamos trazia só a janela de madeira, pintada de azul, ao centro, com a frase abaixo "Catetinho, Palácio de Tábuas". Acrescentei no sub-título: "10 dias de construção, 30 anos de história". A partir de então, o "sobrenome Palácio de Tábuas" pegou e é usado até hoje, sempre que se fala no Catetinho. Até o wikipédia sabe (http://pt.wikipedia.org/wiki/Catetinho).
No ano passado a UnB iniciou a comemoração de seus 50 anos. Uma das descobertas bacanas foi resgatar o  trabalho do arquiteto Elvin Dubugras, responsável pelo design de muitas cadeiras e mesas até hoje encontradas na universidade (aquelas cadeiras simples e retas, com assento em couro, são dele. Outros artistas "mais famosos" levavam a fama).
No post anterior, falando do aniversário de 50 anos do Militão, comentei que acompanhamos o efervescente Rock dos Anos 80 da cidade, com inúmeras bandas. Sim, conheci a Cássia Eller, quando ela ainda cantava no Bom Demais, da Cristina Roberto, na Asa Norte. (Era grátis, a gente só pagava a cerveja que consumia). Sou amigo do Murilão, que morava na 104 Sul, faixa preta de judô, que foi  uma espécie de "segurança informal" do Renato Russo.
Da mesma forma que eu, em minha área (Comunicação), minha esposa foi aluna, colega ou professora de todo mundo das artes cênicas do DF dos últimos 25 anos, incluindo a Ellen Oléria (comemoramos seu aniversário no gramado do IDA, na UnB).
Em resumo, ser contemporâneo de Brasília (a cidade está com 53) e da UnB (com 51) me proporcionou o privilégio de acompanhar e fazer parte desta história, ao vivo.  Isso já foi possível em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro (só que há mais de 400 anos) e que eu saiba, nenhum deles postou isso em Blogs, né? Ah, mas ainda eram os lusitanos...Ok, eu também sou luso-descendente. E candango, por adoção.


domingo, 29 de setembro de 2013

50tinha não é o Fim do Mundo

39-BLUES, ROCK E HISTÓRIA

A "Festa do Fim do Mundo", que fizemos aqui em casa no final do ano passado era para ser um "preparativo" para a minha festa de 50 anos. Marquinhos, Delei, Rênio, Edimar e Gilsom fizeram um som ao vivo, da melhor qualidade, que deixou muita gente de queixo caído.
A expectativa era que agora em setembro esta galera, com o reforço de mais um ou dois músicos amigos, tocasse de novo no meu aniversário. Mas...(sempre tem um mas) o Rênio avisou que não poderia vir, porque a esposa dele tinha encomendas para levar em outra festa no mesmo dia. "Alguém tem que trabalhar", disse. E ainda tripudiou, se achando a última coca cola do deserto: "E sem o baixo, o som não flui". Assim, não rolou som ao vivo na minha festa de 50 anos.Quem veio, até elogiou, que foi um dia agradável e bacana.
Um pouco antes do meu aniversário, teve uma amiga que fez 50tinha também. Levou os amigos para um clube e a festa foi animada, com muita música e alegria. Ontem, fui em uma casa noturna, para comemorar os 50tinha do Militão Ricardo, amigo dos tempos de UnB. Pois não é que o Militão conseguiu além de reunir seus amigos, também trazer boa parte da galera que fez a história do rock de Brasília nos Anos 80? 2 de suas ex-bandas tocaram, com os componentes originais: Os Rochas e Banda 69 (que não tocavam juntos há 28 anos!!!). Estavam lá ainda Phelipe Seabra, do Plebe Rude; Fernando, dos Capacetes do Céu; Rodrigo Leitão (Finis Africae) e o cantor Mario Salimon. Inesquecível (Perdão, se esqueci mais alguém que merecia ser lembrado).
Banda 69, com Militão (bateria) Rodrigo (teclados), Murilo(guitarra) e Marcelo (baixo e vocais).
Sim, o "rock de Brasília" não era só Paralamas, Legião ou Capital. Tinha toda esta galera que formou público e lotava os shows.
Nas redes sociais,  já anunciam que está "aberta a temporada da comemoração dos 50 anos de boa parte de nossa turma". A previsão, para os próximos 3 anos é de muitas festas, como a gente fazia nos Anos 80. 
E, particularmente, ao tratante do Rênio, já avisei: "Ele que não falte em minha festa de 100 anos". Não terá perdão (kkkkk). 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Longevidade

38-DIMINUA O DESEJO

Hoje, pensando em escrever o post anterior, reli alguns trechos do Tao te King e fiz esta foto da árvore que plantei na frente de casa. Talvez, por causa desta ideia, uma de minhas preferidas no livro: "Quando as pessoas nascem são flexíveis, e quando morrem são rígidas. Quando as árvores nascem são maleáveis, e quando morrem são quebradiças".
Gosto de árvores, por isso plantei muitas. Milhares até. Demoram a crescer, o resultado não é imediato. Mas, ao ver uma árvore frondosa e recordar-se que, muitos anos antes, você tinha nas mãos uma pequena semente, nos dá um pouco da sensação de saber utilizar corretamente o tempo. 
Aqui em casa evitei usar mudas enxertadas, dessas que a gente compra nos viveiros. Elas crescem mais rápido, produzem mais cedo, mas param logo de crescer. As mudas que eu mesmo preparei, como esta mangueira, demoram mais. Mas em compensação, quanto mais o tempo passa, serão maiores e mais bonitas. 
A natureza ensina. Sermos  rígidos e competitivos, na busca de "nossos objetivos", expressões tão em moda hoje em dia, apenas apressam nosso fim. "Quando você dá toda a sua força, envelhece; isto, dizem, é incontrolável". Busquemos então a flexibilidade. Pois ela é "companheira da vida". 
Sinceramente, o Tao me fez repensar valores e até,  abrir mão ou questionar as ambições tidas como "normais" em nossa sociedade consumista. Dizem que os taoistas dominavam as técnicas de longevidade. Eu não duvido. Quero ver minhas árvores crescendo.

O Poço


37- O MEU PONTO DE MUTAÇÃO

Logo que eu comecei a trabalhar, um pouco antes de me formar na faculdade, fui fazer um estágio em uma agência. No mesmo dia em que eu, entrou lá também um profissional com "mais experiência",  carioca, muito falante, que se "dizia ser o Cara". Ele ficou com um trabalho por uma semana, "mas não vinha a inspiração". Não escreveu uma linha sequer. Foi dispensado e tive que fazer o trabalho dele.
Mas, nesta semana, ele falou de um livro, que curioso, fui atrás. Era o tal do I Ching, o Livro das Mutações. Alguns o veem como um oráculo, para o qual você faz perguntas e ele responde. Na verdade ele seria um resumo da cultura chinesa tradicional, transmitida oralmente,  por milhares de anos até chegar até nossos tempos. Teria ideias Taoistas e Confucionistas, as duas grandes correntes do pensamento chinês.
Comecei a anotar a lápis, no próprio livro, as ideias que para mim, ocidental, soavam diferentes ou novas. Fui lendo cada um dos 64 hexagramas e também os textos explicativos. Um exemplo? "O cume é um lugar alto. O homem que se encontra numa posição elevada poderá facilmente ficar isolado". (Sim, simplesmente abri o livro e relatei o primeiro trecho anotado que encontrei).
Passado algum tempo, percebi que já estava "familiarizado" com os 64 Hexagramas. Se me perguntassem, qual era o 36, na hora eu me lembraria do "obscurecimento da luz", que diz assim "A luz mergulhou no fundo da terra: a imagem do OBSCURECIMENTO DA LUZ. Assim, o homem superior convive com o povo. Ele oculta o seu brilho e apesar disso resplandece".
Depois conheci um outro livro, bem menor (em número de páginas), mas também fundamental para conhecer o pensamento chinês, mais especificamente, da Escola Taoista, o Tao te Ching.
Este traz 81 "poemas", que tratam respectivamente, do Caminho e da Virtude. Cheguei a participar, com um grupo de amigos, de estudos semanais deste pequeno livro, durante aproximadamente um ano. Além de mim, tinha um psicólogo Junguiano, um Monge Budista, um servidor público, uma médica e uma bailarina. Descobrimos que era legal comparar as diferentes versões ou traduções publicadas, algumas em outras línguas. Foi uma experiência muito rica, mas não tenho a menor pretensão de dizer que "esgotamos o assunto".
"Ching" significaria "poço". Diz o Tao: "O bem superior é como a água: o bem da água a tudo beneficia, e o faz sem poupar-se".  Diz o I Ching: "O POÇO. Pode-se mudar uma cidade, mas não se pode mudar um poço. Este não diminui nem aumenta. Eles vão e vem, recolhendo do poço". O mesmo ideograma pode ser também traduzido como "Sabedoria".
Como fiz referência no sub-título, lá em cima, li também o "Ponto de Mutação", de Fritjof Capra. Gostei, mas não ao ponto de dizer que "mudou minha vida", como posso tranquilamente afirmar sobre estes outros 2 Chings. O Confucionismo nunca me interessou muito.
Se alguém quiser seguir "O Caminho" (assim também o Tao é conhecido),  hoje eu recomendaria que primeiro conheça o Tao e depois vá para o I Ching. (O contrário do que fiz). No fim, das contas, beberá-se do mesmo poço, não importa a ordem, né?
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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Piaparas e bagrinhos

36-MEU RIO É O GRANDE

Se o Riobaldo dizia que o "Urucuia é meu rio", no Grande Sertão: Veredas, posso perfeitamente considerar o Rio Grande, como sendo o "meu rio".
Passei lá boa parte de minha infância, tentando pescar boas piaparas. Isso antes da represa de furnas, porque depois, elas praticamente desapareceram. Ficaram apenas os lambaris e as tilápias.
A piapara era um peixe valente. Brigava para não sair da água. E dava belos saltos também. Alguns até diziam que ela "voava". O pescador tinha que ter técnica e paciência para vencer a batalha. Puxa um pouco, dá linha na carretilha, deixa descansar, recolhe mais um pouco...e assim ia.
Às vezes, a gente fica com a sensação de ser um "peixe fora d'água". Outro dia, comentei com um cliente, empresário, que um dos meus melhores amigos de faculdade ocupava um cargo de primeiro escalão no governo local. Nadando na lógica empresarial, ele logo identificou uma "boa oportunidade de negócios" para mim, quem sabe não poderia arrumar algum contrato bom?
Respondi que meu amigo era meu amigo há 30 anos justamente por saber que eu nunca faria algo do tipo. E completei. "Daqui a 6 meses ou um ano, ele deixa o cargo. E como fica nossa amizade?"
Eis que no fim de semana, no facebook, este meu amigo disse que estava colocando o cargo à disposição do governante, que teria liberdade para uma escolha talvez mais política e menos técnica.
Claro que bagrinhos nunca fariam isso. Mas não é o primeiro de meus amigos a tomar tal atitude. Um deixou a chefia da Sucursal de uma grande revista nacional, por discordar (e não querer fazer parte) de alguns "de seus negócios editoriais", outro trabalhava diretamente com a mais alta autoridade e pediu para sair, pois a pressão era tremenda (e tinha família, filho pequeno, etc).
Eu mesmo, logo que sai da faculdade, deixei de ser redator da então maior agência de publicidade do país, pedi as contas, porque me achava mal remunerado. Na época, muitos não entenderam também. Devem ter me achado um ET, ou peixe fora d'água. Quem nasceu bagrinho, nunca será piapara. Aprendi isso lá no Rio Grande, ainda menino.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

As Leis Caninas

35-MACHO ALFA DECRETA:


  1. Se os humanos (esta raça bípede menos evoluída que nós) tem seus 10 Mandamentos, eu, que sou mais lindo e esperto também tenho direito às minhas Leis Caninas;
  2. É proibido espirrar (eu avanço e fico bravo, mesmo que seja com meu Dono)
  3. É proibido tossir (idem ao item anterior)
  4. Todos são obrigados a me achar lindo e gostarem de mim. (Em contrapartida, sou do tipo: Nunca te vi, sempre te amei. Ou seja, quero carinho)
  5. É proibido voar. Aviões, libélulas, beija-flor, corujas e pássaros em geral serão considerados inimigos. Vou latir e tentar alcançá-los. Um dia conseguirei.
  6. Meu Dono, ao acordar, imediatamente será obrigado a me dar um pãozinho. Se possível, em vários outros momentos do dia, também.
    Lembrem-se: sou lindinho e fofinho desde sempre
  7. O passeio no fim do dia/início da noite é sagrado. Não deve ser ignorado em hipótese alguma. É quando mostro às corujas aqui do Condomínio que é o "Macho Alfa" do pedaço.
  8. Furadeiras, liquidificadores, aparelhos elétricos em geral, e principalmente, a famigerada Makita são meus inimigos mortais. Não podem existir.
  9. Odeio Tom Waits. Aquela música dele me tira do sério. (Eu acabaria com as caixas de som, se meu Dono deixasse eu entrar dentro da casa).
  10. Fogos e trovões devem ser abolidos. Ou mordidos sem piedade.
As Leis Caninas poderiam ter mais uns 5 ou 10 itens, facilmente. Os 10 Mandamentos também. Como isso deixaria os Humanos em situação de inferioridade (eles gostam de pensar que são os Chefes da Matilha), eu paro por aqui.  Amanhã tenho que acordar cedo e latir para os primeiros passarinhos que se atreverem invadir o espaço aéreo de minha casa. Au au para vocês. (Alfa, o Sheltie).

(Como meu cachorro não é blogueiro, nem sabe escrever, digitei por ele, ok?)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Liberação

34-SERÁ QUE VAI CHOVER?

"Eu não sei, não" cantavam os Paralamas.
Mas a gente sabe. Se não sabe, desconfia (na minha bio do twitter eu explico melhor isso). Ontem na hora do almoço disse que já era hora de colocar as capas de chuva no baú da moto. A seca chegava ao fim.
Pois bem, assim não o fiz. Esqueci das capas. Sai para resolver coisas de trabalho e voltei no fim da tarde para casa. Por sorte (deste motociclista egoísta) até então, nada dela aparecer.
Eis que no início da noite um vendaval e trovões anunciavam solenemente. Alguns, poucos pingos, quase dava para contá-los...e de repente, a chuva choveu com vontade...e prosseguiu a noite inteira.
A farra foi tanta que os pássaros até se atrasaram para cantar em minha janela. Mas cantavam mais alegres. Pensei ser madrugada ainda e já era 7 horas. O sol parecia envergonhado, tão desejada, bela e abençoada foi aquela primeira chuva de setembro.
Lembrei-me do I Ching, em seu Hexagrama 40: "Tais épocas de mudança repentina são muito importantes. Assim como a chuva provoca um alívio nas tensões atmosféricas e faz com que todos os brotos se entreabram, assim também o período da liberação traz um alívio ao que estava sendo oprimido, e um estímulo à vida". Tirei então esta foto, ainda com algumas gotas penduradas no galho do maracujá. Reparem no pequeno broto e a paisagem do cerrado já diferente, mais esverdeada, menos amarelo-acinzentada. Ok, que são detalhes, banais e corriqueiros. Mas a vida é assim, não?

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A Grande Família

33- ESQUEÇA A DA TV, OK?

No lugar de "Dia dos Pais ou das Mães", muitas escolas já aderiram ao chamado "Dia da Família". Afinal, o "conceito" do que seria família tem sido bastante atualizado. Isso evita que uma criança criada sem um dos pais, ou com mais de um deles, seja discriminada pelos coleguinhas "normais", por exemplo.
Me separei quando meu filho era ainda pequeno e tentei mostrar o lado bom para ele. Um dia, soube que ele disse na escolinha que tinha muita sorte: "pois tinha 3 casas, a da mãe, a do pai e a dos avós. E com tantas crianças sem casa por ai". Acho que ele entendeu direitinho.
Por outro lado, ele sentia falta de ter irmãos para brincar na infância. Pois não é que aos 12 anos ganhou mais dois irmãos,  um 5 anos mais novo e outro 5 anos mais velho. (São os filhos de minha esposa). Resolvido.
Mas, o que leva a gente encontrar ou desencontrar as pessoas na vida? Dizem que são mais de 6 bilhões no planeta. Porque uma determinada pessoa vai fazer parte de nosso círculo mais íntimo, ou ser "da mesma família"?
Algumas tradições dizem que alguns "grupos de almas" evoluem juntas. E que precisam se reencontrar, seja para dar continuidade ao que iniciaram antes, ou mesmo para aparar arestas ainda não satisfatoriamente resolvidas.  E ai se tornam familiares, amigos (até mesmo os virtuais) ou pessoas que vão, de alguma forma, ter importância em nossas vidas. Para mim, isso faz sentido.
Uma coisa bem bacana do budismo é lembrar que "não temos consciência" destes passados. E que um desconhecido qualquer, pode ter sido a sua mãe, em outros tempos. Então, como não tratar com respeito o próximo?  Afinal de contas, esta é a "grande família humana", da qual fazemos parte. Claro. Sempre vai ter o "tio do pavê" para torrar seu saco.  Mas, isso tem em todas...não é?

sábado, 14 de setembro de 2013

O caminho

32- A NEGONA

Assim, "montada" com o baú e as malas laterais, a negona tava pronta para pegar a estrada. A qualquer momento. Minha primeira viagem mais longa de moto foi em 1982, quando me mudei para Brasília, vindo de Ribeirão Preto. Foram 840 km, porque caiu a ponte sobre o rio Araguari e fiz um trajeto mais longo. Isso numa moto muito menor, praticamente uma bicicletinha perto da negona. (Era uma RX 180. Informação que só faz sentido para motociclistas mais antigos. Se não for seu caso, ignore).
Alguns pneus furados. 2 correntes que se arrebentaram no caminho. Bateria arriada. Estes foram os problemas que consigo lembrar nestas inúmeras viagens. Todos resolvidos, sem maiores dramas.
A maior parte delas, fiz sozinho. Algumas com meu filho na garupa, outras com minha esposa e outras com outros amigos motociclistas. Aproveitar o percurso, ter novas experiências, conhecer coisas bacanas e outras nem tanto, bem como enfrentar qualquer problema que aparecer, se aplicam tanto a estas viagens quanto a uma outra viagem maior, da qual, que me lembre, já estou nela há 50 anos. Uns dizem que ela é muito mais longa. Que já percorremos muito até chegar aqui e que ainda teremos muitas outras pela frente.
Engraçado que meus 2 avôs, tanto por parte de pai como de mãe, foram tropeiros. Conduziam o gado, tocando berrantes, de Barretos até Uberaba, onde seriam vendidos. Levavam um mês na estrada para ir e voltar. Hoje, eu tranquilamente faria em um dia (de moto, claro, não a cavalo). Mas, isso não quer dizer que a viagem deles era menos desafiadora que as minhas, né?
Como diz a música do Zeca Baleiro: "-qual é a parte da sua estrada em meu caminho? Será um atalho, será um desvio?" E aqui, cabe uma dica básica de pilotagem em estradas de terra: "Se surgir algum obstáculo na frente, na dúvida, acelere. Nunca freie". Aprendi isso ainda na antiga RX 180, que foi vendida e está com o meu tio até hoje. Em Barretos, claro. Afinal, foi lá que minha estrada começou. Há 50 anos. Mas isso vocês já sabem, né?

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Atenção...e sorte!

31. VIVER É MUITO PERIGOSO

A afirmação acima é de Riobaldo, no Grande Sertão: Veredas. Aos 50tinha tenho, mais do que antes, consciência disto.
Minha primeira moto foi comprada em 1981. Lá se vão 32 anos sem nenhum acidente e muita estrada para contar. Felizmente.
Ok, que já tive 18, 20 anos e fiz muita merda. Mas acho que meu anjo da guarda era bem competente.
Só que hoje aconteceu um fato inusitado. Eis que estava com minha "vermelhinha" (a da fotinha, minha 8ª moto), fazendo uma curva, ao lado de um ônibus e sinto alguma coisa "bater" em minha bota. Eu costumo pilotar, quando sozinho, com os pés para trás, na pedaleira que seria do "garupa". Terminada a curva, parei e fui ver o que tinha caído, de mim ou da moto. Não achei o controle do portão eletrônico do condomínio, com 4 chaves de casa.
Fiz o retorno e passei devagar. Não vi nada. Estacionei a moto no acostamento e voltei caminhando ao lado da pista para ver ser encontrava. Como iria entrar em casa? Quando achei que já tinha andado o suficiente procurando e nada, eis que um carro se aproxima de mim e o carona me fala: "Amigo, a sua chave está ali atrás, bem no meio da pista". Agradeci e, realmente, a uns 50 metros o chaveiro estava na terceira faixa da pista, onde os carros passam em alta velocidade (como eu passei, com o bolso da jaqueta aberto).
Foi sorte. Mas também foi minha atenção ao pilotar a moto, não? Ou será o anjo da guarda? De qualquer maneira, o resultado é o mesmo: final feliz. Isso que importa, né?

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Matei Charles M.

30- UM CRIME PERFEITO

Já dizia o grande Rubem Fonseca que é muito simples você matar alguém e não ser descoberto: basta não ter motivos para fazê-lo. Lógico, né?
Pois foi assim que aconteceu com Charles M. Gente boa, foi meu vizinho no antigo prédio em que morei. Daqueles que quando eu ouvia uma música mais alta e tocava o interfone, era ele dizendo que não conhecia aquela versão de Bolero de Ravel, se eu podia colocar de novo ou copiar o CD para ele. Me mudei, passamos algum tempo sem nos ver, a cidade é grande.
Perto do Natal, fui em um hospital, onde um grande amigo meu era o cirurgião-chefe das emergências. Pois lá, vejo, uma maca com o nome do meu ex-vizinho, Charles M. Não era um nome tão comum assim. Perguntei ao amigo o que tinha acontecido. Foi um acidente de carro, a caminho de São Paulo e o cara estava todo arrebentado. Tinha sido encaminhado para a UTI. As informações batiam. A idade, os parentes no interior de São Paulo....acidentes acontecem. Fui ver o resultado do meu exame com meu amigo médico e chega a notícia: o Charles M. havia falecido.
Portador da notícia em primeira mão, liguei para uma amiga em comum e contei-lhe o ocorrido. Consternação geral. Notícia ruim se espalha logo. Passado um tempinho eis que essa amiga me liga, dizendo que tinha acabado de falar com o Charles M. Desconfiei. Ok, que ela era espírita, mas não sabia que as comunicações entre-mundos estavam tão evoluídas.
Mas, não. Assim como eu, o Charles M. foi ao hospital para um simples exame, ia tirar um Raio-X. Enquanto estava na maca, com um papel escrito o seu nome, apareceu o tal acidentado. Lógico, ele pulou da maca e a cedeu ao camarada todo estrupiado. Só não tiraram o papel com o seu nome. Assim, na falta de outra informação, aquele infeliz passou a ser identificado no hospital como sendo o Charles M. Que faleceu, mas não era ele. Confuso, né?
Um dia na mesa do Beirute, eis que chega perto de mim um sujeito, acompanhado do filho. Olhei e reconheci o amigo. Ele olha para o filho e fala: -"Tá vendo, filho? Foi esse cara que me matou". Um minuto de silêncio e constrangimento geral. Depois, nós 3 caímos na gargalhada. "Cícero, traz mais 3 chopps".

domingo, 1 de setembro de 2013

Astro, Lógico

29-BAIXOU O OMAR CARDOSO

Em 50 anos (faltam só 4 dias, acho que já posso arredondar), curioso que sou, busquei conhecer um monte de coisas. Uma delas foi a astrologia. Meu filho, sobrinhos e filhos de alguns amigos "ganharam" ao nascer o Mapa Astral de presente, interpretado por mim. Acredito que todos temos o mesmo "hardware" (que é a máquina humana), mas cada um tem o seu próprio "software" (que programa sentimentos, emoções e reações). Dai algumas incompatibilidades entre os diferentes sistemas, que a astrologia pode dar algumas dicas para superar.
Ontem, comentei sobre o livro "Astrologia Divertida", de Will Eisner com uma amiga, que postou o link de um blog que tem o seu conteúdo. Aqui:( http://www.monicacamacho.com/intranet/ebooks/Astrologia/astrologia%20divertida%20-%20will%20eisner.pdf )
Não me deterei no Will Eisner (que é ótimo), mas vou comentar algumas coisas sobre os 12 signos, misturando diversas "fontes" (entre elas, Dane Rudhyar e alguns amigos astrólogos que conheci):


  1. Áries. Quer explorar seus limites. Vai de cabeça nas coisas (símbolo: cabra), age impulsivamente. A maneira mais simples de deixar um ariano(a) maluco(a) é ficar levantando dúvidas, questionamentos, que o impeçam de agir. Corre-se o risco de tomar um soco na cara. Ayrton Senna era ariano.
  2. Touro. Busca segurança em "ter". Metódico, trabalhador, gosta da segurança e do conforto, quer ter a família unida em volta de si. Minha avó era taurina. Juntava filhos, netos, bisnetos e agregados à sua volta. Avarento, teimoso e ciumento.
  3. Gêmeos. Tagarela, agitado, nervoso. Uma mente muito rápida, que não para de ter ideias e mudar de opinião. Adora "jogos mentais". É aquela pessoa da turma que tenta convencer todo mundo a ir em um buteco longe pra caralho, porque lá é mais legal e que quando a turma topa, ele(a) muda de ideia e resolve convencer todo mundo a ficar onde está. O jeito mais fácil de irritar um geminiano(a) é cobrar-lhe coerência com o que disse antes. Pira.
  4. Cancer. Maternal, preocupado com a família. Muito sensível. Magoa-se fácil. A palavra-chave para o canceriano é "eu sinto". Amorosos, mas capazes de atrocidades cruéis quando "feridos" (like a escorpião). O melhor exemplo do signo seria um Chefão mafioso: tudo pela "famiglia", mas não tem remorso em mandar concretar e atirar no mar o sobrinho ou parente que pisou na bola .
  5. Leão. O sol que vos ilumina. Pensa que é o Rei Sol, Luís XIV. Um ego imenso. Quer ser o centro das atenções e necessita de aplausos. Exibicionista e extravagante. Meu filho tem ascendente Leão, dai eu sempre lembrar ele de "baixar a bola", sem me preocupar com a auto-estima dele, porque isso não será nunca problema para um leonino(a).
  6. Virgem. Racional, metódico, organizado, cri-cri. O personagem de Dona Flor, o segundo marido dela, o farmacêutico, era um perfeito virginiano: "Um lugar para cada coisa, cada coisa em seu lugar". Por acaso, é meu signo. Sim, odeio quando mudam meus livros ou cds de lugar.
  7. Libra. A balança. Busca "pesar as coisas" o tempo todo. Morre de medo de ser injusto em suas decisões, daí ser "empacado" para decidir qualquer coisa. É o oposto de Áries. Dizem que as librianas são boas amantes (que minha esposa não leia isso, ou terei problemas em casa).
  8. Escorpião. Intenso, do tipo "ame ou odeie". Sem meios termos. Nunca seria uma Margarina Silva, por exemplo. Tem um intuição quase mediúnica e, por conta disso, parte logo para o confronto. Meu pai é de escorpião. Quando ele me dizia "cuidado com tal pessoa, ela pode aprontar alguma" não dava outra. Eita boca maldita. Tem segredos ocultos. Curte um bacanal.
  9. Sagitário. Metade animal, metade arqueiro. Tem as 4 patas na terra, dai gostar da boa vida, das farras e dos prazeres. Por outro lado aponta sua mira para o alto. É capaz de se dedicar a vida toda a um projeto. Tomara que os cientistas que buscam a cura do cancer sejam sagitarianos.
  10. Capricórnio. A teimosia é uma de suas maiores virtudes. Batalhador, realizador. Usa o tempo em favor de alcançar suas metas. Ambicioso, quer "subir mais alto" na vida e vai fazer de tudo para isso. Não é muito chegado nessas coisas sentimentalóides, por isso, se um capricórnio passar como um rolo-compressor por cima de você, a culpa é sua que estava no caminho dele. Meu ascendente, ok?
  11. Aquário. Assista ao filme "Hair". Aquilo é a "era de aquários". Oposto ou complementar a Leão, rege as causas planetárias, o coletivo. O aquariano nunca está sozinho, vive cercado de amigos. Apesar de não buscá-los e curtir o silêncio, a introspecção. É excêntrico, meio maluco, cheio de ideias. Geralmente, são gente fina.
  12. Peixes. Sonhador, sensível, pouco prático. É o oposto ou complementar de virgem. Como último signo do zodíaco, caberia a ele fazer a "análise de sua trajetória até aqui". Dai viver em seu próprio mundo, no passado, na imaginação. Tendem a fugir da realidade (que é muita dura para eles). Se você achou tudo isso muito gay, além de gay, deve ser maconheiro também. (Ok, os piscianos vão ficar magoados ao ler isso. Sorry)