7- EM AGOSTO OS IPÊS FLORESCEM
Uma das coisas mais bonitas de que me lembro era do ipê amarelo que tinha na casa da minha vó Rosa, na rua 35, em Barretos. Ele sempre estava florido na época da Festa do Peão. A festa, uma coisa da cultura regional,cresceu exageradamente.
Mas, me recordo da "Comitiva" com cavaleiros anunciando a festa pelas ruas da cidade, com a tradicional "queima do alho". Lembravam as raízes dos antigos tropeiros de gado, que levavam os bois de Barretos até Uberaba para serem comercializados. Era bonito de se ver. Ainda mais que meus dois avós, tanto o seu Antônio como o Edeluz, participaram destas tropas.
Levavam um mês para levar o gado até Uberaba, conduzindo, com seus berrantes, as comitivas que tinham tudo a ver com os tropeiros descritos no Grande Sertão: Veredas. A própria brasilidade interiorana.
Já velhinho, meu avô Antônio era bom no sapateado e ainda dançava catira com muito estilo.
Mas, em minha infância, meu tio Neném Goiano era dono da sorveteria Kimel, que vendia os picolés no antigo recinto da Festa do Peão, ainda dentro da cidade. Eu pegava um isopor com sorvetes e vendia tudo rapidinho. Até porque, sempre faz muito calor na Festa do Peão. Ganhava, a dinheiro de hoje, uns 15 reais por dia, o que para mim era uma fortuna, se convertida em balas e doces.
Depois, a festa cresceu, se americanizou e virou algo muito mais próximo do Texas do que de nossas raízes caipiras. Ela não me representa mais. Por isso, tenho saudades do ipê amarelo da rua 35.
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