domingo, 30 de junho de 2013

O Tio da Cachaça


6-TIO "ODEMAR PAULISTA"

 Aprendi com  Riobaldo, de O Grande Sertão: Veredas ( de Guimarães Rosa, o MEU livro preferido) que as narrativas da memória não são lineares. Daí resolvi bagunçar um pouco o esquema do blog, até aqui  muito certinho ao seguir a ordem cronológica dos fatos.
Pois bem. Percebi há tempos que, quando falo da "minha família", sempre me refiro aos portugas, do lado dos Freitas, de meu pai. Talvez o motivo principal seja ter perdido minha mãe aos 16 anos e ter, a partir daí, tido pouco contato com os parentes do lado materno.
Minha mãe era do terceiro casamento de minha avó Florescena, viúva três vezes, que, com seu último esposo, teve ela e um outro filho, o tio Odemar. O nome deste meu avô é uma das coisas que mais orgulham: "Edeluz Pinto da Silva". Em uma tradução livre, eu digo que era o próprio "Pinto Luminoso do Mato". Ser descendente dele é assim, uma honraria. Se é que vocês me entendem.
Mas, voltando ao Tio Odemar. Ele se mudou para uma fazenda em Goiás há muito tempo e perdemos o contato. Passaram-se 20 ou 30 anos. Depois, fui saber que a fazenda agora era em Tocantins. Não que ela tenha saído de lugar, mas mudaram os Estados. Um dia, falo com meu tio ao telefone e ele me diz: "estou velho e doente, e você é meu único sobrinho de sangue. Venha me visitar".
Uma ordem, praticamente irrecusável. Peguei a moto e fui com meu filho na garupa até a fazenda dele. 430 km de onde moro. Visitei-o algumas outras vezes. Ia conversar com ele, tomar aulas de sinuca em sua mesa profissional, que aparece na foto (sim, ele chegou a jogar com o Carne Frita, do mesmo nível de Rui Chapéu. Ambos ganharam dinheiro juntos, dos patos nas mesas) e claro, buscar a tal cachaça que ele produzia artesanalmente.
Esta cachaça esteve presente em alguns encontros de Blogueiros Progressistas e também em Encontros Motociclísticos. Sempre fazendo fãs. Fiz muitos amigos com ela, de todas as partes do país. O Tio já se foi, mas eu ainda gosto de uma sinuca e da cachaça dele, agora fabricada pelo meu primo Odemar Júnior.
A lembrança mais antiga que tenho do Tio, era que ele tinha uma Lambretta. E andou comigo, ainda pequeno, em pé, entre o guidon e o seu banco. Legal esse troço. Dai eu voltar de moto ao seu encontro, né?

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