sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Micão? Quem nunca?

48- DESTE, EU ESCAPEI

"Mais uma foto muito boa do Memorial da América Latina pegando fogo". Com este texto postado nas redes sociais, uma emissora de TV deu mostras que na busca da audiência (literalmente, "no calor" dos fatos) fica fácil pagar mico. Tomou uma trollada da Dilma Bolada que acrescentou ao tweet apenas: "Achei muito péssimo". Dai teve a tréplica indignada do dono da emissora, talvez entendendo que a crítica veio diretamente da Presidente. Ok, neste caso, o mico já virou um baita King Kong.
Eu também quase fui vítima de uma "armação" destas. Há uns 10 anos, era professor de faculdade e um de meus alunos trabalhava na produção de programas da tal emissora do Bispo. Um dia ele me fez um convite: queria que eu atuasse como ator em uma "dramatização". Não entendi e, por precaução, quis saber exatamente do que se tratava. Ele explicou. São estes programas religiosos que passam na TV. Nós precisamos de alguém como o Sr, um homem sério, de meia idade, casado, pai de família...para a tal "dramatização".
Em resumo, o enredo era bem simples. Até demais. Eu seria o tal pai de família, homem de bem, que por culpa de uma vizinha bonita, jovem e gostosa, cai em tentação carnal. A minha vida vai pro buraco (hehehehe), meu casamento acaba vou a falência, etc...me arrependo, aceito Jesus, entro para a Igreja, recupero meus bens materiais, fico feliz e dou meu santificado depoimento para algum pastor aumentar seu rebanho de fiéis (que lógico, acreditarão que aquela "dramatização" era verídica, e eu, um idiota).
Educadamente, expliquei que não sou ator. Já dirigi comerciais de tv, fico mais à vontade atrás das câmeras e não na frente delas. Ao que ele deu o argumento final: "Mas eles pagam bem, e à vista". Claro, e quem iria pagar o King Kong era eu, né? Fico só imaginando o bullying que sofreria em todos os lugares que eu estivesse: -"Olha lá o otário que dançou por causa da vizinha periguete". Sim. Certas coisas, não tem preço. Grandes micos, por exemplo. Deus nos livre. Não, péra...

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O TIJUCA

47- O HERÓI CAIPIRA

São infundados os boatos de que a Lagoa Rodrigo de Freitas seria de meu avô ou bisavô. Também não faço referência aqui a nenhum bairro carioca.
A origem da maior parte de minha família é das proximidades do Rio Grande, divisa de São Paulo e Minas Gerais. Tenho parentes dos dois lados deste rio. Só uma prima que recentemente mudou-se para o Rio, ok? Favor não confundir.
Mas, tinha um tio de meu pai que era muito especial, o Tio Juca. Ele morava um pouco mais longe, já em Goiás. Acho que ele foi a pessoa mais engraçada que  conheci. Caipirão, chapéu de palha e o cigarrinho idem sempre por perto. Pescador, caçador, ou seja, um grande contador de causos (mentiroso, se preferirem).
A melhor história dele foi quando numa caçada ou pescaria,  foi surpreendido por uma onça. Ele contava em detalhes e o povo em volta se empolgava. Com o interesse dos ouvintes, ele ia espichando a prosa. A situação, em resumo era esta: o único jeito de escapar da onça era passar por uma pinguela sobre um enorme penhasco. A onça ficou na espreita. Ele olhava para baixo e quase não via o chão. Olhava para trás e lá estava a onça. Mas, quando ele estava quase chegando do outro lado, eis que tem outra onça o aguardando. A galera vai ao delírio. "E ai, Tio Juca? O que aconteceu?". Ele para, pensa, coça a cabeça, percebe que foi longe demais na mentira e entrega os pontos: "-Ah, ai a onça me comeu". E antes que alguém protestasse, ele caia na gargalhada. E lá vinha outra história...rs. Aprendi isso com ele.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Memórias não póstumas

46-O OBRAHMA TUDO SABE

Em tempos de falta de privacidade nas redes sociais, tudo que você disser poderá ser usado contra você nos tribunais. Não é a toa que o termo "facebook" está presente na maioria dos processos de divórcio nos EUA. Sem contar com a bisbilhotice do o Brahma, né?
Ainda adolescente, descobri em casa a coleção completa do Machado de Assis. O cara era genial. Em pleno Séc. 19, nas Memórias Póstumas de Brás Cubas, tinha um capítulo em branco, onde ele só dizia: sobre isso não falo. Porque que ele iria, em suas memórias se comprometer, né? Sábio Machado.
Nas narrativas de memórias, os tempos se alternam, pois as lembranças não obedecem necessariamente a ordem dos fatos. Assim, quando me separei, separava os livros e CDs, e claro, não ia esquecer a coleção do Machado, herdada de meu pai. Mas meu filho, com seus oito ou dez anos na época, questionou: "E você vai me deixar sem minha biblioteca?". Assim, tive que me separar também destes livros. A argumentação do moleque me desmontou.
Mas, antes disso, tenho outras boas recordações ainda mais jovem. Uma situação inusitada aconteceu, em parte,  por caminhos tortuosos da inflação da época. Em resumo, acabei por dividir um apartamento com uma ex-namorada e sua irmã mais nova. A minha namorada (a atual, da época) não gostou nada da história. Isso foi indo, até que um dia, ela apelou e explodiu sobre a situação: "É. Acho que você precisa arrumar uma mulher mais burra do que eu". Diante do impasse, eu a abracei e soltei a pérola: "Precisa não, amor. Estou satisfeito".  Enquanto ela protestava e me xingava de tudo que é nome,  eu ria sem parar. Sobre as acusações,  não entro em maiores detalhes. Aprendi com o Assis. Até porque,  um machado nesta hora poderia ser letal, né? (E claro, estas memórias, hoje, seriam póstumas).

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Brasileiro, sim.

45-ANDEI POR ESTE PAÍS

Brasília é muito Brasil. Só aqui em uma quadra (não esquina, porque não as temos) de um lado encontramos uma galeteria gaúcha, ao lado de doces mineiros, em frente a uma pizza em pedaços com mate tipicamente cariocas, ao lado de um restaurante com carne de sol nordestina. Aqui convivem goianos, mineiros, cariocas, gaúchos, bahianos, paulistas e todos os brasileiros.
Temos aqui todas as misturas, os contrastes, as diferenças.
Pois bem, acabo de chegar de uma viagem com minha esposa, onde passamos uma semana em Recife, Olinda e Porto de Galinhas. Eu nunca tinha ido ao Nordeste. Dizia que morria de medo de ir a Bahia e não voltar mais...a tentação de ficar por lá seria grande...rs. Com esta viagem, posso dizer que já fui nas 5 regiões do Brasil. Sim, faltava o Nordeste.
Porto Alegre, Gramado, Paraty, Congonhas, Mariana, Ouro Preto, Goiás Velho, Itanhaém, Pires do Rio, Liberdade, Cavalcanti, Campos Belos, Alto Paraíso, Marechal Floriano, Venda Nova do Migrante, Domingos Martins... estive em todas estas cidades (e várias outras). Em algumas delas, fui de moto (sempre as melhores viagens). Não. Nunca fui à Disney ou a Miami. Aliás, acho shopping centers um saco. Falta vida, cor, diversidade, alegria.
Enfim, um paulista do interior, filho de mineiros, hoje candango, casado com uma goiana, filha de mineiro com nordestina. Muito prazer. Sou brasileiro, com muito orgulho.