domingo, 27 de outubro de 2013

Culpa do Lula

44-MARQUETINGUE-FAIL

Minha esposa diz que é ótimo me levar para fazer compras, porque sempre "desmonto os argumentos do marketing" e ela acaba deixando de consumir e economizando. Coisas de quem atua na área há muitos anos. Estudando o assunto, o marketing moderno surgiu nos EUA com a industrialização e precisava "romper" com os "antigos e rígidos valores" da religião protestante, desbancando o "eterno" pela "moda, descartável". Assim, mais importante do que o "ser" se tornava o "ter".
Hoje, passado um século, embora muitos até acreditem que não existe mais direita e esquerda, uns se preocupam em garantir "exclusividades e privilégios" enquanto outros buscam "diminuir as diferenças sociais e permitir o acesso aos antes excluídos". Somente isso mostra que direita e esquerda continuam a existir, sim. Em 2010, na época das eleições, ouvi de um amigo (de direita) a reclamação de que "agora qualquer um pode ter uma moto igual a minha". Respondi a ele que "a culpa era do Lula". Pois só após o seu governo eu, se desejasse, poderia comprar uma Harley Davidson 0 Km, à vista. Coisa que nunca antes conseguiria. Mas, preferi construir minha casa, juntando as economias que tinha e vendendo 2 motos para terminar a obra (sem dívidas). Poderia ter sido mais irônico, concordado com ele e até sugerindo que se exigisse "árvore genealógica da família" antes de se vender bens que conferiam maiores status. Ou vamos permitir que "qualquer um tenha o que temos?". Fiquei com receio que ele achasse razoável minha ideia...kkkk
Na prática, gastei em minha casa o equivalente a umas 3 Harley Davidson. Hoje ando com uma moto que não dá tanto status, uma simples Fazer, de 250 cilindradas (fotinha à direita), mas dizem que minha casa hoje vale, no mínimo, umas 10 Harleys.
Para os não apaixonados por motos, que só veem duas vermelhinhas de duas rodas nas fotos, a história fica ainda mais sem sentido, né? A diferença é que a Fazer está na minha garagem, na casa que eu construí, com estes simpáticos tijolinhos. O contrário eu vi uma vez em um filme italiano, com um cara que se vestia com ternos caros, tinha um carrão importado, mas escondia que morava em um barraquinho na favela, pois o importante "eram as aparências". Gente maluca. A culpa deve ser do Lula (lógico), que hoje faz aniversário. Parabéns ao Cara que mudou este país para melhor.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Intercâmbio Cultural

43-FOR EXPORT

Eu trabalhava no escritório do DF da maior agência de publicidade do país. Tinha um faxineiro engraçado, que o pessoal chamava de Beto Fuscão (Nome de um jogador de futebol daquela época). Carioca, cheio de marra, gente boa. Um belo dia, perto do Natal, eis que o Fuscão me diz que iria me dar um presente, porque "me considerava". Agradeci, sem saber do que se tratava. Pois bem, ele me aparece com um livro belíssimo, edição capa dura, papel couché, bilingue, que contava a história do carnaval, com maravilhosas ilustrações do Lan. Esta da foto era uma das que me lembro. Dai, descobri que ele era "da comunidade da Mangueira", por isso tinha ganho alguns exemplares.
Passados algum tempo e tive a oportunidade de conhecer John Algeo, um norte-americano que veio fazer algumas palestras aqui na Sociedade Teosófica. Descobri que ele gostava do taoismo. Conversamos muito, apesar do meu inglês não ser lá grandes coisas. Ele, ao contrário, era professor universitário de inglês. Tinha uma pronúncia perfeita, que acho que até quem não sabia falar inglês o entendia. Durante uma semana mostrou artes impregnadas de espiritualidade. Kandinsky era um deles.
.
Ao me despedir do meu novo amigo americano, dei a ele o livro sobre Carnaval que o Beto Fuscão tinha me dado. Comentei: "Obrigado pelo conhecimento que nos trouxe e leve para o seu país um pouco da nossa arte e cultura". Ele se emocionou ao ver o livro na língua dele e com tão belas ilustrações.
Nunca mais encontrei o Beto Fuscão. Acho que ele entenderia que passar adiante seu livro, não era desfeita, mas sim uma homenagem a nossa gente simples e alegre, né?

domingo, 20 de outubro de 2013

Ok, Ulisses. Você pode.

42-OITENTINHA

Ontem fui na comemoração dos 80 anos do Ulisses Riedel.  Amigos, familiares, autoridades como o Ministro do STF Ayres Britto e Cristovam Buarque, todos estavam lá para homenagear o aniversariante.
Visionário, amoroso, altruísta, batalhador das causas sociais ou em defesa dos trabalhadores eram os termos mais citados sobre ele. Sua história é muito bonita. Advogado trabalhista bem sucedido, teve atuação destacada também no campo espiritual. Foi 3 vezes presidente Nacional da Sociedade Teosófica, onde, há quase 30 anos o conheci. Lá criou a Editora Teosófica e o Instituto Teosófico, que ajuda a preservar a cachoeira de Mumunhas. Fundador do DIAP, o Departamento Intersindical de Apoio Parlamentar, participou ativamente da elaboração da Constituição de 88, inclusive dando o texto final de alguns de seus artigos, que citam os trabalhadores e funcionários públicos. Esteve presente na Fundação do PT. Ajudou a eleição de Cristovam Buarque para o governo do Distrito Federal e foi Senador pelo PT/DF, ao substituir Lauro Campos, no final de seu mandato.
É presidente da União Planetária (fundada há 16 anos), que atua hoje na difusão de valores morais, humanísticos, educacionais e espirituais por meio da TV Supren.
Ao ver esta foto que minha esposa tirou de nós dois juntos, ainda brincou: "Quem é o velhinho da foto?". Ok, Ulisses, mais que seu amigo, sou seu fã. E assim, por tudo que você já fez, beneficiando e inspirando milhões de brasileiros, quem me dera chegar aos 80tinha com tanta vitalidade e bom humor. Tive que reconhecer que "o velhinho da foto" era o de cabelo e barba brancos, ou seja, eu.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Minha Ciência virou casa

41-DECISÕES E INTUIÇÕES

Estive professor por uns 10 anos. Não acho que tenho o “perfil acadêmico”, me via muito mais como um profissional da área que dava aulas, não alguém que segue a carreira acadêmica, ao contrário de minha esposa, que está cursando o Doutorado. Em 2010, após 6 anos como professor universitário em uma faculdade particular, me demitiram porque não tinha Mestrado. Eles buscavam um corpo docente mais qualificado para melhor avaliação do curso junto ao MEC. Dizem, as más línguas, que após a avaliação, eles demitem os mestres e doutores, para diminuir custos. Mas, isso é outra história.
Neste momento, eu ia começar a fazer Mestrado em Ciência Política, meu pré-projeto já tinha sido aprovado. Mas, demitido, desisti, resolvi não ter este custo. Gastaria o equivalente a um carro zero para pagar o mestrado. Minha indenização trabalhista também alcançava o valor de um carro. Teoricamente, empate.
Decidi que não valia a pena. Um ciclo se encerrava ali. Este dinheiro do FGTS foi o início das economias para a construção de nossa casa, iniciada no ano seguinte e onde já moramos desde janeiro de 2012, saindo do aluguel.
No fim das contas, o que pagava de aluguel e condomínio na Asa Sul, era quase que o salário de professor na faculdade. A diferença é que agora moramos no que é nosso, numa região dizem ser a “bola da vez” da especulação imobiliária no DF.  Cada real gasto na construção da casa, hoje vale no mínimo três. A tendência é que valorize mais.
Assim, troquei a “Ciência Política” pela “Casa Ecológica”. Ela, a “Casa Ecológica”, me rendeu assunto para um blog que alcançou mais de 16 mil acessos. E como “blogueiro progressista” tenho bem claras minhas posições ideológicas e políticas. A diferença é que a gente faz a política na prática, não na teoria.

Acho que sigo minhas intuições. Elas resultam nestas  “pequenas diferenças”. Até hoje, não me decepcionaram.  Sobre a política, especialmente a do DF, não posso dizer o mesmo...rs.